domingo, 25 de julho de 2010

Dura jornada...

Quando estamos chegando perto do fim, lembramos o quanto fomos sensatos e corajosos por ter enfrentado os obstáculos. Obstáculos da vida, nos mostram quem realmente somos e até que ponto somos maduros o necessário para tranformar o deserto em um lindo jardim. E quando realmente, chega o tão sonhado momento de subir um degrau na vida, temos a persepção  de que fomos fortes o bastante para chegar até aqui, até o fim... o fim da dura jornada e o começo de grandes conquistas. - Vinícius Loureiro.

sábado, 24 de julho de 2010

Dia indescritível ...

Eu, caminhando por dentre a grama verde e as folhas secas que caem ao chão, reflito sobre a vida. Lembro de tudo que enfrentei e enfrento para talvez alcançar meu deslumbre objetivo. O dia entardece, lá ainda estou eu, observando o pôr do sol, tentando espairecer a mente, e procurando o alívio para minha aflição. O vento sopra, as árvores balançam trazendo de certa forma uma tranquilidade indescritível em meu ser. À noite, já satisfeito, resolvo ir para casa, mas no caminho uma voz calma e tranquila sopra em meu ouvido, quase que uma canção, dizendo: ''Não temas, porque eu sou contigo''. À partir daquele momento, os meus dias mudaram, mudaram para melhor, e sempre que me entristeço me lembro que Ele está comigo em todos os momentos conturbadores da minha vida.
Vinícius Loureiro.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

Às seis horas da manhã, a mulher entra no mar: este, o mais ininteligível das existências não humanas; ela, o mais ininteligível dos seres vivos.
Ela vai entrando, cumprindo uma coragem. Avançando, abre o mar pelo meio. Ela brinca com a água. Com a concha das mãos cheia de água, bebe em goles grandes. “E era isso o que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem.
Agora ela está toda igual a si mesma.”
Mergulha de novo, de novo bebe mais água. Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, não recebe transmissões. Depois caminha na água e volta à praia. Agora, pisa na areia. “E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos escorridos são de um náufrago. Porque sabe – sabe que fez um perigo. Um perigo tão antigo quanto o ser humano.”

Passou-se tanto tempo ...




 















Passou-se tanto tempo
E sua voz continua a ecoar... Só aqui, só em mim.
Foram tantos os momentos
Que lembro de teu rosto em todo lugar.

Tantas frases e palavras eu te disse
E todas se perderam ao vento.
Foram tantas promessas quebradas...
E continuo vivendo... Sem ti.

Foram tantas as lágrimas, que não choro mais...
Desceram todas por te ver partir e nada poder fazer.
De mãos atadas, restou-me sorrir e tentar esquecer.

Foram tantas vezes que quis e tentei não sofrer,
Por imaginar-te ao meu lado e ver apenas minha sombra,
Aguardando pela tua. Passou-se tanto tempo...

Lucas Magalhães

Hoje ...

Hoje eu farei tudo diferente.
Amasso, jogo fora todas minhas palavras!
Pois, por mais alto que seja meu grito,
(Mesmo sendo forte o suficiente
Para que você possa ouvir,
Ou um tanto desesperado,
Para que possa a todos atingir,
E talvez convicto,
A ponto de fazer refletir)
De nada vale se ainda estou só.

Lucas Magalhães.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O primeiro beijo - Clarice Lispector

Esse conto retrata a história de um rapaz que conta para sua namorada que já havia beijado outra mulher.
Numa excursão da escola onde estudava, quando houve uma parada perto de um chafariz (e ele estava com muita sede), ele foi o primeiro a chegar para beber. Colou a boca no orifício de onde jorrava a água e bebeu até se fartar. Quando terminou, abriu os olhos e viu que o orifício era a boca de uma estátua feminina que estava nua. Afastou-se assutado e ficou olhando para a estátua. Fora seu primeiro beijo. O jovem rapaz ficou totalmente perturbado, atônito e começou a imaginar... percebeu que uma parte de seu corpo que sempre parecera "relaxada", agora estava com uma tensão agressiva, quase feroz.


O PRIMEIRO BEIJO

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco tempo, iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.

- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:

- Sim, já beijei antes uma mulher.

- Quem era ela? perguntou com dor.

Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.

E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.

A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.

E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.

Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.

O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.

Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.

Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.

Ele a havia beijado.

Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.

Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.

Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...

Ele se tornara homem.

(In "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998)

P.S: Que mico ele contar isso para sua namorada. KKKKKKKKKKKKKKK

O porquê da criação do blog.

Olá leitores,

Criei este blog, por indicação da minha professora de Língua Portuguesa Mariana Thiengo, no intuito de me aperfeiçoar na escrita e de certa forma abrangir o meu conhecimento sobre certos assuntos.

Um forte abraço à todos.